A Linguagem dos Cabalistas: Ramos

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Trecho do Livro "Kabbalah for Begginers" (Cabala para Iniciantes) - ainda não disponível em português. Autor: Rav Michael Laitman

Quando nós pensamos ou sentimos algo e desejamos transmitir isso para alguma outra pessoa de modo que ela também possa sentir, nós usamos palavras. Há um consenso geral no uso de palavras e seus significados; quando chamamos algo de “doce”, a outra pessoa imediatamente entende o que queremos dizer uma vez que ela imagina o mesmo gosto. Porém, com que proximidade a concepção dela se iguala à nossa? Como podemos comunicar melhor os nossos sentimentos usando palavras? Os sentimentos dos Cabalistas estão acima do nosso nível. Ainda assim, eles desejam nos transmitir sua admiração quanto a coisas que não têm nenhum significado para nós. Eles fazem isso através de meios retirados do nosso mundo: frequentemente palavras, às vezes notas musicais, e ocasionalmente, por outros meios.

Cabalistas escrevem sobre suas experiências e sentimentos nos mundos superiores. Eles escrevem sobre as forças superiores e o que eles descobrem lá. Eles escrevem para outros Cabalistas, uma vez que a interação dos estudos entre eles é tão essencial e tão frutífera. Seus escritos são, então, estendidos para aqueles que ainda não experimentaram a espiritualidade, para aqueles de quem a espiritualidade ainda está escondida.

Uma vez que não há palavras no mundo espiritual para descrever sentimentos espirituais, os Cabalistas chamam essas experiências de ramos (ramificações, galhos). É uma linguagem que usa palavras emprestadas de nosso mundo e as usa para identificar experiências espirituais. Como tudo no mundo espiritual tem um equivalente no mundo físico, cada raiz do mundo espiritual tem um nome que é o nome de seu ramo. E por não conseguirmos descrever nossos sentimentos precisamente e não sabemos medi-los ou compará-los, nós usamos todos os tipos de palavras auxiliares para ajudar. O Rabi Yehuda Ashlag escreve em seu livro Talmud EsserHaSefirot (Estudo dos Dez Sefirot, Parte 1 Olhando para Dentro):
…os Cabalistas escolhem uma linguagem especial que pode ser chamada de “linguagem de ramos.” Não há nada que aconteça nesse mundo que não seja derivado da sua raiz no mundo espiritual. Pelo contrário, tudo nesse mundo se origina no mundo espiritual e então descende para esse mundo. Os Cabalistas, consequentemente, encontraram uma língua pronta através da qual eles puderam facilmente transmitir suas realizações um para o outro oralmente e de forma escrita para gerações futuras. Eles pegaram os nomes dos ramos do mundo material; cada nome é auto-explicativo e aponta para sua raiz superior no sistema do mundo superior.
Pois para toda força e ação nesse mundo há uma força e uma ação no mundo superior que é sua raiz. Cada força espiritual correlaciona-se a apenas uma força, seu ramo no mundo material.

Sobre essa correlação direta está escrito, “Não há nada crescendo abaixo (na 'Terra') que não tenha um anjo acima (no 'Céu') exortando-o a crescer.” Ou seja, não há nada no nosso mundo que não tenha uma força correspondente no mundo espiritual. Por causa dessa correlação direta, e pela espiritualidade não conter nomes – apenas sentimentos e forças sem o manto do animal, mineral, vegetal ou a fala – os Cabalistas usam nomes de ramos nesse mundo a fim de definir através deles as suas raízes espirituais. Baal HaSulam diz mais:
Com todas as explicações, você compreenderá o que às vezes aparece nos livros de Cabala como uma terminologia estranha para o espírito humano, particularmente nos livros básicos de Cabala, o Zohar e os livros do Ari. Uma pergunta que surge: por que os Cabalistas usaram tal terminologia para expressar essas idéias sublimes? A explicação é que nenhuma língua no mundo pode ser razoavelmente usada, exceto pela especial língua de ramos, baseada na correspondência com as raízes superiores... Não é de se surpreender que expressões estranhas às vezes são usadas, uma vez que não há opção na substância. A substância do bom não pode ser substituída pela substância do mau, e vice versa. Nós devemos sempre transmitir precisamente o ramo ou incidente que mostra a raiz superior como mandar a ocasião. Nós devemos também elaborar as palavras até a definição exata ser encontrada.
Em Cabala, o estudante repete as idéias principais da sabedoria Cabalística: “lugar”, “tempo”, “movimento”, “falta”, “corpo”, “partes do corpo” ou “órgãos”, “combinar”, “beijar”, “abraçar” etc., várias e várias vezes, até que ele sinta dentro dele o sentimento correto para cada idéia.

Uma última palavra: deve-se observar que existem alguns ditos instrutores de Cabala que transmitem interpretações errôneas para seus alunos. O erro origina-se no fato de que os Cabalistas escreveram seus livros usando a linguagem de ramos e usaram palavras do nosso mundo para expressar idéias espirituais. Aqueles que não entendem o uso correto dessa linguagem estão enganados. Eles ensinam que há uma conexão entre o corpo e o Vaso (receptáculo, recipiente) espiritual, por exemplo, como se através de ações físicas uma pessoa estivesse fazendo algo espiritual. Os ramos são uma parte integral da Cabala e sem o seu uso, a pessoa não está aprendendo a verdadeira Cabala.


Tradução de: The Language of Kabbalists: Branches

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